2010/04/04

Pétalas de sonhos - parte 1

Nossa caça às mais belas sakuras da província de Shizuoka não terminou no post anterior! Como a primavera chegou final e oficialmente no dia 22 de março aqui no Nihon, não podíamos deixar de comemorar este fenômeno tão maravilhoso e tão sonhado por mim. Confesso que seeeeeempre me imaginei andando de patins com um monte de pétalas de sakura caindo em meus cabelos, bem à la Card Captor Sakura! Como o ápice da florada das sakuras ocorre, geralmente, no comecinho de abril, o Iwata Kappuru resolveu, então, contemplar as cerejeiras da melhor maneira possível: indo ao famoso はままつフラワーパーク Hamamatsu Furawa Paaku = Parque das Flores de Hamamatsu, na cidade vizinha Hamamatsu.

Fomos da estação de Iwata à estação de Hamamatsu, de trem. Como tudo aqui na terra do sol nascente é pontual, este trajeto não leva mais de 15 minutos. De lá, pegamos um ônibus cujo 終点 shuuten = ponto final é o magnífico Flower Park. Beeeeem afastado da Hamamatsu cheia de prédios e correria que todos conhecem, o trajeto até o parque nos transporta de volta ao Japão feudal, com direito a incontáveis plantações de arroz, vegetais e chá, casas antigas, templos sinistros no melhor estilo Fatal Frame e até barraquinhas de frutas aparentemente abandonadas no meio de uma estrada deserta, no tradicional esquema pague e leve (e, acredite, ninguém nunca rouba nada! Coisas do primeiro mundo...). Esta viagem no tempo dura 40 minutos. E, como teletransportados a um mundo dos sonhos, onde todos os dias são de primavera, chegamos ao fim do arco-íris, onde existe o Furawa Paaku

Que as sakuras são as maiores estrelas da primavera, isso ninguém discute. Todo mundo imagina uma flor de sakura, bem rosinha e delicada, ao pensar na primavera nipônica. Flores são meras flores, mas sakuras são SAKURAS! Elas são o símbolo do mais puro espírito kawaii, tão presente na cultura japonesa. O Japão só é o Japão por causa de suas cerejeiras, o ícone do país. Incomparáveis, únicas, perfeitas! 

Ok, não vamos desmerecer as outras flores do parque, afinal, são mais de 3.000 tipos contra as cerejeiras. Aliás, a primeira visão que tivemos ao adentrar o Furawa Paaku não foi a de uma sakura, mas sim das tulipas! Abril também é época das graciosas flores que nos fazem lembrar de tamancos, moinhos de vento e holandeses, mas que, na verdade, são originárias da Turquia (apesar de também especularem sobre a China). Chinesas ou turcas, o que importa é que os holandeses levaram a fama toda pela flor e, pronto, deu no que deu, como o próprio parque expôs!


Logo após, fomos presenteados com uma apresentação de balé de jatos d'água. Literalmente dançando conforme a música, os jatos rodopiam, cospem, pulam, chegam a voar e caem de volta no reservatório, tudo perfeitamente sincronizado e os jatinhos muito bem ensaiados. Ao fundo, tapetes de flores ilustrando kanjis compõem o cenário relaxante da performance das águas dançarinas guiadas por uma serene sinfonia. A cada 30 minutos, uma nova apresentação de  quedas d'água. Que espétaculo!



Finalmente, descemos e contemplamos as primeiras cerejeiras do parque. Mais alguns passos e entramos em um verdadeiro portal de sakuras! Muitas pessoas estavam estendidas no chão, embaixo das belas árvores, fazendo piquenique, celebrando o famoso 花見 hanami = contemplação de flores. Alguns liam um livro, outros namoravam, brincavam com os filhos, mas a maioria ria, comia doces, se divertia. Outros seguiam à risca o espírito do hanami: apreciavam as flores de sakura, principalmente quem estava com uma câmera fotográfica em mãos. O ditado japonês 花より男子 hana yori dango = melhor doces do que flores, que significa preferir comer as guloseimas do piquenique do que ver as flores, não faz nenhum sentido para quem entende o verdadeiro espírito do hanami, que é apreciar essas florzinhas tão especiais e de vida tão breve! E eu, além de uma grande fã das flores de cerejeira, também tenho como hobby a fotografia. Juntar essas duas paixões é realizar um sonho!


Sakuras são incríveis, só mesmo quem não as conhece não concorda com isso. Suas flores duram somente duas curtíssimas semanas, depois se vão com a força do vento, deixando o chão que pisamos mais colorido, mais vivo, mais alegre (e os maníacos por limpeza doidinhos da vida... hehehehe). Mas, mais do que isso, deixam em nossas mentes a mais bela mensagem de otimismo, pois apesar de serem frágeis e delicadas, elas duram o tempo suficiente para serem relembradas pelo resto de nossas vidas. Elas nos enchem de alegria com sua beleza e, então, morrem... brilhando, sendo levadas pelo força da natureza, encerrando suas vidas com um verdadeiro espetáculo! É a vida e a morte das flores de sakura que fazem a primavera ser perfeita!


Esta saga continua no próximo post! Matta, ne! ^_^

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